Innovation in Shared and Public Access for Digital Inclusion
(sessão temática do
WSIS 2022 - World Summit on the Information Society)
Atendendo às necessidades da comunidade, os serviços e atividades das bibliotecas adaptam-se à promoção da inclusão digital: divulgação dos direitos digitais, modelos de aprendizagem "peer-to-peer" para aquisição de competências TIC, co-design de serviços participativos, entre outros, foram exemplos explorados nesta sessão temática do WSIS liderada pela IFLA - International Federation of Library Associations and Institutions, dia 28 de abril.
Exploraram-se abordagens inovadoras de acesso partilhado e público para a inclusão digital com base em experiências de bibliotecas públicas e comunitárias. No workshop, destacaram-se boas práticas e formas de maximizar os impactos e o alcance desses serviços.
Quatro especialistas partilharam ideias e a experiências das iniciativas que lideram: Ab. Velasco (Planeamento de Inovação, Aprendizagem e Serviços da Biblioteca Pública de Toronto); Shadreck Ndinde (Universidade Nacional de Ciência e Tecnologia do Zimbábue); Arjun Maharjan (Coordenador TIC da READ Nepal); e Ramune Petuchovaite (Gestor do Programa de Inovação em Bibliotecas Públicas da Electronic Information for Libraries (EIFL):
1) Aquisição de competências digitais e promoção dos direitos digitais
Além dos fundamentos das competências digitais, inúmeras bibliotecas promovem programação sobre competências avançadas de TIC, literacia dos media e da informação ou noções básicas de segurança online, por exemplo. A Toronto Public Library oferece um exemplo de como a sensibilização para os direitos digitais e a capacitação digital podem ser efetivamente conectadas. A programação da Biblioteca de Toronto nesta área envolve especialistas convidados e residentes, colaboração com o governo local e promoção de eventos liderados diretamente pela equipa da biblioteca, cobrindo uma ampla gama de tópicos sobre direitos digitais: privacidade de dados, ética e preconceito em IA e algoritmos, 'desintoxicação digital ', cidades inteligentes. Tudo isso fala sobre as muitas maneiras pelas quais os direitos fundamentais das pessoas – acesso à informação, não discriminação, saúde, privacidade – tomam forma no ambiente da informação digital, o que as comunidades devem saber, e quais recursos que têm à sua disposição para ajudar a exercer suas direitos. Ao mesmo tempo, as experiências do READ Nepal mostram como a aquisição de competências digitais pode ser efetivamente combinado com a promoção de literacias mais básicas. O programa Tech Age Girls Nepal (TAG) combina aprendizagens em competências digitais com liderança, planeamento de projetos e capacitação para a tomada de decisões (abordagem foi desenvolvida especificamente para jovens e mulheres jovens dos 13 aos 22 anos).
2) Alcançar novos públicos
Naturalmente, muitas bibliotecas fazem um balanço contínuo dos impactos de seu trabalho de inclusão digital. Uma das premissas-chave sempre foi que as iniciativas de bibliotecas baseadas no acesso público ajudam a abranger públicos diversos e podem ser particularmente valiosas para aqueles mais vulneráveis à exclusão digital. Os serviços de TIC e acesso à Internet levados às escolas rurais no Zimbábue, através do alcance móvel do Rural Libraries and Resources Development Programme(RLRDP) - modelo que consiste em um carrinho móvel puxado por burros e que transporta um computador movido a energia solar, visitando uma série de escolas em zonas rurais) ilustram essa capacidade. Este modelo combinado com atividades educacionais, formação para educadores locais e acesso a conteúdos digitais. Esta abordagem composta beneficia estudantes, professores, investigadores e agricultores locais. Após a implantação dos serviços de biblioteca móvel TIC, os organizadores detetaram muitos adultos a regressar à escola.
Outro exemplo de sucesso em alcançar novos públicos vem da TPL. No início da pandemia, houve uma rápida mudança para o digital na programação da biblioteca em torno das competências digitais. Aqui, a TPL viu um influxo de audiências e visualizações internacionais para esses eventos virtuais. Agora, essas atividades são desenvolvidas pensando também nesse público internacional – e, dada a sua popularidade, prevêem manter a programação digital mesmo depois da reintrodução gradual de programas e eventos físicos.
3) Modelos de aprendizagem em cascata e "peer-to-peer"
Outro ramo de inovação está nas experiências das bibliotecas com diversos modelos de aprendizagem. Por exemplo, a aprendizagem entre pares e entre os próprios bibliotecários. Durante anos, um dos elementos-chave do Programa de Inovação em Bibliotecas Públicas (PLIP) da EIFL (Informações Eletrónicas para Bibliotecas) tem sido a capacitação de bibliotecários públicos em economias de transição para a construção criativa e confiante de serviços TIC e de acesso público. Decorrente do reconhecimento de uma necessidade importante – não apenas é crucial dotar as bibliotecas de infraestrutura de conectividade, mas também o é capacitar e atualizar os seus profissionais para que possam fazer o uso mais eficaz das mesmas. Os programas de capacitação do PLIP envolvem, por exemplo, não apenas competências digitais para bibliotecários, mas também capacitação em design de serviços, advocacia, divulgação, marketing e avaliação do impacto dos serviços.
Desde o início da pandemia, a abordagem de capacitação foi reorganizada com um forte foco na aprendizagem "peer-to-peer". Ao longo de 2 anos, o programa PLIP realizou uma formação de formadores para mais de 60 especialistas locais em 4 países, que estão agora preparados para alcançar centenas de colegas. Isso também significou expandir o currículo dos formadores para incluir competências de ensino para grupos-alvo adultos. Também o programa TAG, do Nepal, prevê que os alunos da comunidade se tornem formadores em “cascata”, adquirindo competências que lhes permitem atuar como embaixadores da comunidade, promover projetos comunitários e partilhar o que eles mesmos aprenderam.
4) Intervenções sob medida e co-design participativo
Um dos temas recorrentes ao longo dos quatro casos foram as abordagens de inclusão digital sob medida, adaptadas a um grupo-alvo ou local específico. Por exemplo, na última iteração da capacitação EIFL PLIP, foi adaptado e modificado um currículo básico para bibliotecários, de acordo com cada um dos países onde o programa é implementado. A identificação das necessidades da comunidade e dos recursos locais é uma tarefa fundamental na adaptação dos modelos de intervenção existentes, ou no desenvolvimento de novos. No Zimbábue, a seleção de recursos digitais e de atividades do RLRDP foi ajustada para cada um dos locais que a biblioteca móvel visita: de informações suplementares sobre pesca numa província, a recursos sobre agricultura noutra, etc. Esta análise das necessidades da comunidade também é explicitamente incluída no programa TAG Nepal, num processo em "repuxo" que se concentra na identificação das necessidades e desafios da comunidade, facilitando o diálogo entre lideranças e partes interessadas locais, e mapeando possíveis soluções.
Estas são apenas algumas das boas práticas inovadoras partilhadas pelos especialistas convidados para esta sessão temática do WSIS 2022, aconselhamos a que assista à gravação da sessão no
site do WSIS 2022.
Fotos: Donkey Drawn Mobile library: reaching remote rural communities
@Rural Libraries Resources Development Project
Saiba mais sobre estes projetos nos portais oficiais das instituições promotoras: